sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Almanaque do Cinema Omelete

Design de Marcelo Martinez


Autores: Érico Borgo, Marcelo Forlani e Marcelo Hessel
Direção de arte e design: Marcelo Martinez, Laboratório Secreto
Design: João Ferraz
Designer assistente: Igor Campos
Editora: Ediouro
Acabamento: Verniz UV localizado, criando uma malha de ovinhos fritos


Resultado de dois anos de trabalho dos jornalistas Érico Borgo, Marcelo Forlani e Marcelo Hessel, do site Omelete, o Almanaque do Cinema Omelete é o mais novo volume de uma coleção focada em memória e nostalgia. Assim como os almanaques por década (70, 80 e 90) – que buscavam dimensionar o zeitgeist de cada período misturando do mais conceituado e cult da época aos aspectos mais obscuros da cultura de massa –, o Almanaque do Cinema resgata desde o mais memorável ao mais bizarro detalhe da história do cinema.


Um almanaque ilustrado sobre cinema já oferece, por si só, uma excelente oportunidade de se trabalhar a imagem. Mas os detalhes que mais se destacam não são imagens do cinema em si, e sim do universo simbólico que o cerca, como se pode ver nas imagens abaixo. A página de obrigatórias informações técnicas e ficha catalográfica é feita aos moldes dos créditos formais de um cartaz de cinema e os agradecimentos ao lado de um Oscar (imagem acima). A introdução ao estilo créditos de Star Wars. Os dados técnicos que remetem ao final dos créditos de um filme – e detalhes que talvez passem imperceptíveis para alguns leitores, como a orelha do livro ser assinada por Alan Smithee, o habitual pseudônimo que um diretor de cinema usa quando não quer assinar seu trabalho.


Abaixo, numa conversa com o designer Marcelo Martinez, diretor de arte do projeto, ele explica como foi o processo de criação do almanaque.



Como foi o processo de seleção das imagens que ilustram o livro? É feito em conjunto com os autores, ou é deixado ao critério do designer decidir o que irá ilustrar cada página?
Ao contrário dos almanaques de décadas, este é um livro com menos garimpo em sebos, contatos com colecionadores, sessões de fotos, scans, etc. Depende mais de material de divulgação dos filmes, das produtoras. Felizmente, a turma do Omelete é super organizada, e nos enviou uma pilha de dvds com toneladas de imagens em tamanho generoso, já separadinhas por estúdios, etc. Chamamos um pesquisador para indexar o conteúdo dos dvds em uma prova de texto do livro, e em seguida começamos a editar o material, escolhendo os melhores cliques (ou os mais divertidos!) de cada assunto, vendo o que funcionava melhor no desenho das páginas, separando o que entraria nos temas dos cadernos em cores. Depois levantamos as pendências, garimpamos as coisas mais raras, como posteres de filmes B, por exemplo. Não chequei quantas imagens publicamos neste livro, mas em geral saem umas 800 por almanaque, dentro uma pesquisa de1500, em média.

Se por um lado ficamos muito ocupados com imagens de filmes, diretores e atores, por outro pudemos brincar bastante com soluções gráficas que faziam menção ao assunto cinema, como na introdução estilo Star Wars e o colofão que imita o final de uma tela de créditos subindo.

Durante todo o processo de edição de conteúdo, os autores e a editora participam, trocando figurinhas conosco.


Esse é o oitavo almanaque que você faz para a editora Ediouro, correto? Todos eles, quando vistos em conjunto, parecem ter uma linguagem em comum, ainda assim cada um é bastante diferente um do outro, em termos visuais. Como você chegou nessa linguagem, que elementos que a compõe, na sua opinião?

Essa é a ideia. A identidade da série é composta pelo formato físico, tipo de papel, solução de encarte das páginas coloridas no miolo (criando aquelas "ilhas visuais"). A capa vende a ideia do livro ter muito conteúdo, muita informação. Tem sempre uma imagem principal, o bloco de título e aquela tarja de retratinhos atravessando para a quarta capa, além de um verniz bem pop. Dentro disso, variamos a disposição dos elementos, para que cada livro tenha personalidade própria, mas ainda assim pertença a coleção.

Fizemos oito almanaques até então: Anos 80, Anos 70, Quadrinhos, TV, Anos 90, Seriados, Rock, e agora, Cinema. O projeto gráfico da série ficou bem conhecido, ganhou o Galo de Prata na Mostra de Design e Artes Gráficas Latino-Americana de 2006, em Buenos Aires; foi exposto na última Bienal Brasileira de Design – aqui e na edição que aconteceu recentemente na China; participou de uma mostra sobre artes visuais brasileiras na Holanda e saiu no livro Latin American Graphic Design, da Taschen.


Houve alguma particularidade (uma dificuldade específica superada, um toque pessoal, um detalhe específico, etc) do processo criativo do Almanaque do Cinema Omelete que queiracomentar?
Teve a ideia da quarta capa com os ovinhos/personagens desenhados, sentados como uma platéia de cinema. Foi tudo decidido meio em cima da hora, o livro já estava fechando para gráfica.Tivemos a ideia, falei com a editora, a Fernanda Cardoso e chamei o Daniel Lafayette para fazer os desenhos, pois eu não teria tempo. Ficaram ótimos! O Filico fez a foto no dia seguinte da entrega das artes do Lafa, e no mesmo dia a imagem estava tratada e fechando o livro. Foi uma correria, mas valeu a pena. A quarta capa fez o maior sucesso! Postamos como teaser no twitpic (http://twitpic.com/hbjzy) e mais de mil pessoas foram comentar e tentar adivinhar quem eram os ovinhos, super legal.



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