segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Forrest Gump

Forrest Gump
Autor: Winston Groom
Designer: Pedro Inoue (capa e projeto gráfico) e Guilherme Xavier/Desenho Editorial (miolo)
Ilustrações: Rafael Coutinho
Editora: Aleph

Nunca deixo de ficar surpreso que tanta gente não saiba que Forrest Gump, o filme de 1994 vencedor do Oscar, seja baseado num livro. Fora de catálogo há varios anos no Brasil, o livro de Winston Groom (que, diga-se de passagem, detestava o filme), ganhou uma edição especial comemorativa de 30 anos pela editora Aleph, com o mesmo apuro gráfico que se tornou característico da editora, em edições como a dos 50 anos de Laranja MecânicaA capa e projeto gráfico são de autoria do designer Pedro Inoue, com diagramação de miolo de Guilherme Xavier, do estúdio Desenho Editorial. O miolo contém 10 ilustrações de Rafael Coutinho.


A edição especial tem acabamento em capa dura e o diferencial bem bacana de uma capa dupla-face: com impressão dos dois lados, permite ao leitor escolher seu design favorito. O livro conta ainda cmo um um ensaio comparando o livro à sua adaptação cinematográfica, feito pela professora francesa Isabelle Roblin.


Isso tudo, somado ao miolo em duas cores (um vermelho-rosado vibrante, impossível de reproduzir aqui na tela do computador) fez do projeto de modo geral um desafio em termos de produção gráfica. Conversei com Daniel Lameira, editor da Aleph, justamente sobre essas dificuldades, e como elas foram contornadas.

"O maior trabalho foi fazer tudo combinar. O Pedro Inoue pensou o lettering do miolo, mas não tinha tempo pra executar, e eu queria que as ilustrações se expandissem para as paginas com a frase. Nisso foram muitas idas e voltas para encaixar o lettering, feito por outro designer seguindo a orientação do pedro, na ilustração expandida do Rafael Coutinho".

Isso sem contar que são dois pantones e fizemos uma terceira cor com a sobreposição dos pantones. As partes que queríamos as cores mais claras fizemos reticulagem. Tudo isso no papel pólen. Ou seja, teve que testar a influência do tom amarelo. O grande medo era o verso das páginas com ilustração, se daria transparência por estarmos fazendo no pólen 80 soft. Fizemos um teste no 90 bold mas a aspereza do papel tirou um pouco dos detalhes das ilustrações do Coutinho".


Lameira também lembra que a ideia da capa com duas possibilidades levanta algumas questões e decisões específicas: com a ideia de mandar aleatoriamente para as livrarias, qual das duas se escolhe para cadastrar no site? Quantos leitores vão reclamar que queriam a outra capa, antes de se darem conta de que é só inverter a sobrecapa? "Sem entrar no mérito da tradução, que o Forrest fala errado. Como traduzir erros, como 'rihgt'. A solução é adaptar, porque não é erro de burrice, nem de sotaque interiorano. Então transferimos o mesmo tipo de erro. Mas era mais dificil, porque eram erros que em inglês nao influenciava tanto na fala, entao em português acho que diminuímos um pouco as ocorrências. Mas tem 'augum', 'andano', coisas assim".





Sobre a recepção do público ao livro, Lameira diz que tem sido boa, muito em parte pelo projeto gráfico e a capa "dupla face", "mas também em elevar o Forrest, visto por muitos ainda como um bom filme do cinema contemporâneo, ao patamar de clássico da literatura. Um dos grandes motes da edição foi respeitar a obra original e o autor, que não gosta do filme, por isso as ilustrações diferem do filme, a nota do editor e posfácio também se focam nisso".
O livro foi lançado em novembro de 2016.


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