Pulp Head - O outro lado da América
Autor: John Jeremiah Sullivan
Designer: Alceu Chiesorin Nunes
Editora: Companhia das Letras
Fonte: Giza
Aí está uma coisa que não se vê todo dia: uma raspadinha na capa. O livro em questão, Pulp Head, de John Jeremiah Sullivan, lançado pela Companhia das Letras nesse mês, teve direção de arte de Alceu Nunes. A idéia casa bem com o conceito do livro, de ver o que há "por trás" da cultura estadunidense. Abaixo, uma rápida entrevista com Nunes, sobre a criação da capa e do conceito.
A capa, totalmente com, e totalmente sem o efeito da raspadinha. |
Sobre o que se trata o livro, e como a capa se relaciona com ele?
É um livro pop de um autor pop com temas pop e totalmente americanos, como: Michael Jackson, Axl Rose, MTV, furação Katrina, música gospel.O autor tem um olhar bem particular explorando o lado b das histórias, acho que o próprio sub título do livro, O outro olhar da América foi inspirador do recurso utilizado na capa.
Como foi o processo criativo para essa capa? Houve um direcionamento específico que levou ao resultado final?
Primeiramente eu trabalhei com tipos que caracterizassem a cultura americana, no caso usei a Giza da typefoundrie Font Bureau, ela lembra os tipos em wood type utilizados em cartazes,
tem bastante impacto e daria uma solução bem pop, no processo fui limpando os recursos gráficos e caminhando para estilização da bandeira, e quando vi senti que não precisava revelar assim todo espírito do livro, isto junto com o subtítulo que parecia pedir algo diferente pensei que eu poderia usar o recurso da raspadinha que deixaria a capa coberta, e aos poucos cada leitor acabaria por revelar a sua bandeira, no final o que temos é quase uma capa customizada, porque cada leitor vai raspar do seu jeito, ou não vai raspar, mas o tempo fará por ele.
Provas de teste da raspadinha da capa. |
Que tipo de limitações, dificuldades ou desafios específicos surgiram com a idéia da capa ter uma "raspadinha", e como vocês resolveram?
A "raspadinha" é um recuso gráfico conhecido, a loteria é o uso mais comum, eu não tinha visto sendo usado em uma capa de livro, mas não é nada de outro mundo e não tivemos dificuldade em encontrar um fornecedor. O recurso é aplicado em silk screen, fizemos testes com laminações diferentes (acabamento que sobrepõe a capa), neste caso usamos brilho, foi a que teve o melhor resultado para remover a tinta removível.
O que você acredita que faz de uma capa de livro uma boa capa de livro?
Regras básicas de design ajudam; legibilidade, impacto (seja pela cor, foto/ilustração ou uso tipográfico), o livro pode chamar de várias formas mas é difícil falar em fórmula, cada livro tem um tom, enquanto uns precisam gritar, outros sussurram, e a diversidade é a verdadeira fórmula, cada um tentando ter o tom certo pra fisgar o seu leitor, e claro, cada leitor tem uma forma de ser capturado. O uso de recursos diferentes também são capazes de despertar a curiosidade do leitor, foi isso que eu busquei nesta capa do Pulphead.
Alceu Chiesorin Nunes, nasceu em Curitiba, mora em São Paulo há 18 ano é designer de produto formado pela Faculdade Belas Artes de São Paulo, também estudou design gráfico na Faculdade da Cidade (RJ). Fez pós graduação em Design Estratégico, na ESPM.Trabalha com design há 26 anos com passagens pela publicidade e em projetos de identidade visual, dedicou 17 anos exclusivamente ao design editorial na Editora Abril onde colaborou para revistas como: Superinteressante, Mundo Estranho, Aventuras na História, Vida Simples, Super Surf, Bizz, Capricho e VIP, onde conquistou diversos prêmios em design: o Prêmio Abril, o Prêmio Esso de Jornalismo e o Malofiej de infografia, na Espanha, além do Prêmio Abimóvel de Design de Produto. Participou da 5ª, 7ª e 9ª Bienal de Design Gráfico, foi jurado da 7ª, 8ª e 10ª edições. Foi professor da Miami Ad School por 10 anos. Atualmente é diretor de arte da Companhia das Letras onde trabalho a 1 ano e meio.
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