segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Ilha de Darwin

Design de Elmo Rosa



A Ilha de Darwin
Autor: Steve Jones
Designer: Elmo Rosa
Editora: Record
Ilustração: Orquídeas Epífitas, de Francis Garnier, 1873
Fonte: MrsEaves
Acabamento: impressão sobre cartao texturizado


Como você se tornou um designer de livros?
Foi totalmente por acaso. Eu era estudante na época, e havia acabado de iniciar a procura por um estágio na área. Foi quando recebi um telefonema do gerente do departamento de design da editora Record, me oferecendo a chance de fazer uma entrevista de estágio. Não precisei mover um músculo! Foi uma coincidência muito grande. Perguntei como ele havia conseguido o meu contato, e ele me disse que havia encontrado o meu currículo no site da ADG. O curioso é que eu não tenho recordação alguma de um dia ter feito esse cadastro como estudante lá.

O que você acredita que faz de uma capa de livro uma boa capa de livro?
Penso que ela deve principalmente honrar o conteúdo da publicação. Traduzir visualmente as palavras do autor e o clima do livro. Dito isso, a boa capa de livro não subestima a inteligência do leitor. Sua solução visual não é óbvia, banal. É alcançada por meio da interação do leitor potencial com conceitos que estão apenas implícitos nos elementos existentes na capa, mas os quais ele reconhece, sendo capaz de realizar associações semânticas.

Como foi o processo criativo para esta capa? Houve um direcionamento específico
que levou ao resultado final? Havia alguma limitação, dificuldade ou desafio específico colocado no briefing, e se sim, como fez para superá-lo?

O processo de elaboração dessa capa foi particularmente trabalhoso. O leiaute
escolhido veio somente após a apresentação de outras três propostas que não foram aprovadas, todas com direcionamentos conceituais totalmente diferentes. Para esse leiaute que foi aprovado, minha idéia era simplesmente remetê-lo visualmente a um livro feito na época de Darwin. Para isso, pesquisei algumas imagens de folhas de rosto de livros ingleses do século XIX.


Como você criou a textura da capa?
Ela é de um banco de imagens, com um ligeiro tratamento no Photoshop.

Qual a origem da ilustração, e quais as fontes utilizadas na capa?
Eu a obtive num banco de imagens. Trata-se de uma litogravura de 1873, chamada “Orquídeas epífitas”, feita por Francis Garnier.
Quanto à tipografia, desde o início eu tinha em mente utilizar a fonte Bell na capa, por ser uma tipografia inglesa e mais ou menos contemporânea à Charles Darwin. Acontece que, quando eu a apliquei no leiaute, o resultado não me agradou (seu “W” itálico ficava um pouco desengonçado no título). Tentei então a Baskerville, também inglesa, mas já distante cerca de um século da época de Darwin. Mas ela também não se encaixou bem na composição. Foi quando lembrei que a MrsEaves, apesar de ser uma tipografia contemporânea, tinha seu desenho inspirado no trabalho de John Baskerville. Ela caiu muito bem em relação ao que eu pretendia e, de quebra, ainda pude utilizar o seu “N” itálico, de que gosto muito.


Algo mais que gostaria de acrescentar sobre o processo criativo?
O design editorial, em particular o de capas de livros, possui características bem próprias. Até certo ponto, relaciona-se com o design de rótulos e embalagens. Por outro lado, exige do designer um conhecimento mais aprofundado de tipografia. Se o texto do livro trata de um período histórico ou de um lugar específico, isso deve ser traduzido tipograficamente, e o designer só conseguirá fazer isso da melhor forma se conhecer a história da tipografia e as origens e características das principais famílias tipográficas.

Elmo Rosa formou-se em design gráfico em 2005 pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Trabalha há seis anos com design editorial e, desde 2006, integra o departamento de design gráfico da Editora Record.

Um comentário:

sophia chassot disse...

adoro as entrevistas!

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